Ver o seu mundo desmoronar e correr pra casa dos seus pais em busca de conforto e companhia quando tudo parece não dar pé; bebericar do vazio diariamente; chorar até ser vencida pelo sono; acordar sem perspectivas; perder o prazer até em fazer as coisas que mais gostava.
A gente não espera o pior, até ele bater à nossa porta. Quando se perde tudo, o que nos resta? Nos resta tomar decisões com o coração partido: ficar ou partir, lutar ou desistir, ligar ou esquecer, o que e como fazer. As pessoas partem das nossas vidas e deixam o resto.
O que me restou foi lembrar das conversas loucas no sofá; dos nomes dos filhos que nunca tivemos; da discussão pelos cachorros que não teremos; da conchinha que quinzenalmente tentávamos fazer sem sucesso; das risadas sem fim pelos motivo mais bestas; daquele carinho bêbado do fim de noite e das poucas demonstrações de afeto dos últimos tempos.
Me restou também a sensação de ter encontrado o cara com quem eu queria dividir a minha vida, mas que na verdade nunca dividiu a dele comigo; me restou lembrar das últimas conversas confusas que me fizeram tão mal; me sobrou a sensação de que meus assuntos já não interessavam mais, que tudo já estava passado e ele queria um futuro novo; me resta pensar que na verdade, tudo foi mentira, que ele nunca quis o que eu sempre quis; ficou a sensação de que me doei demais para uma relação que vivi sozinha.