quinta-feira, 20 de novembro de 2008

atraso

eu sempre fui uma pessoa atrasada.

atrasada para o colégio - e por isso mudei para o turno vespertino;
atrasada com as minhas caronas - por isso minhas amigas sempre me enganavam que estavam aqui embaixo para eu descer antes;
atrasada para viajar - meus pais sempre reclamavam disso;
atrasada para o trabalho - o que piorou quando passei a trabalhar longe de casa;
atrasada para a faculade - e isso me trouxe uma coleção enorme de faltas;

mas eu me lembro que nunca me atrasei para amar.
e, ainda assim, é no amor que me sinto sempre atrasada.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

influenciada pela mídia

tá vendo???

hoje acordei com meu "lado Flora" aflorado.
é nisso que dá ver novela, ahahaha.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Conversa

Cold heart diz:
ué, mas não foi você quem escolheu isso?

Cold heart diz:
você quem me disse q era melhor assim...

mininamarela diz:
eu sei...

mininamarela diz:
sabe o que é?

Cold heart diz:
diga ai

mininamarela diz:
é tão bom ser eu com você...

mininamarela diz:
mas ao mesmo tempo é péssimo quando é diferente.







(é que eu ainda sinto um arrepio quando penso na gente.)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

maré

às vezes eu me sinto nadando contra a correnteza.




às vezes eu deixo a maré me levar.















(tem coisas q ainda n descem bem, mas é coisa de tempo mesmo. o velho tempo senhor da razão.)

E ainda dizem que os que esquecem são felizes...

Muito do que eu faço
Não penso, me lanço sem compromisso.
Vou no meu compasso
Danço, não canso a ninguém cobiço.
Tudo o que eu te peço
É por tudo que fiz e sei que mereço
Posso, e te confesso.
Você não sabe da missa um terço

Tanto choro e pranto
A vida dando na cara
Não ofereço a face nem sorriso amarelo
Dentro do meu peito uma vontade bigorna
Um desejo martelo

Tanto desencanto
A vida não te perdoa
Tendo tudo contra e nada me transtorna
Dentro do meu peito um desejo martelo
Uma vontade bigorna

Vou certo
De estar no caminho
Desperto.

[Martelo Bigorna - Lenine]

Ps: como foi que eu me esqueci daquela cena mesmo? Vou me esforçar pra lembrar sempre. Sempre.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Por não estarem distraídos

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!

Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

(Clarice Lispector)